quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Sobre do que se deve levar da vida.

Leve da vida. O leve de levar. O cheiro da noite e o som do mar. O sol no teu olho. A música daquele dia. O sorriso do lábio e o frio que fazia. O trejeito gentil. A lágrima que caiu. A palavra bonita e a foto da cachoeira. O leve da vida de tão leve que é, nem se carrega. Flutua. Vem junto para onde fores. Como tuas unhas e teus amores. É leve de ter. De reviver. De recordar. O leve da vida é sem pesar. Sem chorar. Sem doer. Um leve transparente que guardamos sozinhos. Tão no fundo. Tão escondido. Que ele se solda ao que somos. E nos desperta sem acordar. Nos muda sem falar. Completando a vida. Como uma paisagem faz com o olhar. Enchendo nossos corações com asas que não conseguem voar. Que nos dizem que a vida está ali e lá. Longe e perto do errado e do certo. Em cima do embaixo. No esquerdo do direito. Para todo ser vivo, moça e sujeito. Sem nunca negar que é um leve difícil de achar. Principalmente em um mundo onde tudo pesa. Onde muito lesa. Onde tantos deixam. Alguns de pé e outros que deitam. Para no fim, não existir final. Não existir nada além do que existirá. Nada além do leve momento. Do cheiro da brisa. E do gosto do vento.



"Primeiro há que saber sofrer. 
Depois amar. Depois partir. 
Por fim andar sem pensamento." 
(Laranjeira em flor - Virgilio Expósito)

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