sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Viver por decreto? Credo!

Diz aquela letra musical odiável que é preciso saber viver. E ninguém consegue discordar. Digo, conseguem. Mas só conseguem porque são chatos usando galoxas, falando um dos outros pelas costas e apontando seus dedos acusatórios em riste para nós.
A vida não pode ser vivida por decreto, eu digo. O único decreto irrefutável da vida, é a morte. Porque morrer você vai com toda certeza (côncerteza...). Mas viver, não!
Acredite caro(a) leitor(a), viver vai além dos boletos que tens para pagar. É mais do que aquela frase agressiva que você ouviu (a 3 anos atrás) e guardou no bolso (até hoje). Alguém é claro, vai dizer: "ta querendo ensinar a viver Leandro? tu é ridiculo!"

Sim eu sou. Dito isso, o que mais você tem a dizer? Nada?
Eu tenho:

É preciso viver além da vida. Não se render as mazelas mazelóticas do nosso existir McDonnalds. Precisamos de mais vida do que Hollywood nos dá. Já disse e repito, precisamos de Bollywood, de BlumenWood, de Robin Hood! De Peter Pans voando a Terra Média! De Machado de Assis! De expressos com leite em finais de tardes daqueles de cagar os botões das calças. É preciso amar com borboletas no estômago, no cérebro e nas bocas! É necessário arrepiar ou sentir o cheiro alheio, ou da lasanha da mãe ou do filme do Almodóvar! Falo de amizades que discordam e sorriem disso. De trabalhos que gostamos a ponto de nos dar nos nervos, mas que não deixamos de amar um só segundo na vida! Musicas que nos façam dançar sozinhos, de olhos fechados, de frente pro espelho do mundo. Sem se importar com o reflexo, perplexo, nos encarando parado.
A coisa é que a vida não exige nada. A vida só existe. Existe e passa. Como uma rajada de vento que nos aplaca em um dia de muito calor. Ou você aproveita aquele momento vivo, ou esse momento passou. E és ignorante se pensas que falo sobre a inconsequência infantil dos poucos sensíveis ao existir... Não caro(a) leitor(a), eu falo é da vida com amor que não vive na zona. Falo da pele arrepiada hipoteticamente nos sábados de manhã. Com uma boca fraca a te morder enquanto acordas. Das curvas das costas dele e dela. No disco voador do Phil Veras, descobrindo lençois :)

A vida tem dessas. De tu achar que ia ser e não ser. Ai tu pensas que já foi e não foi. E depois acreditas, agora vai. E nem tchum.
Leio livros. E num deles, Merlim (sim o feiticeiro que não fazia magias) me disse que o destino é inexorável.
E é.
Mas nós, humanos de razão. De dinheiro. De dores da alma (que não existe?) e do corpo (que fica em cima de um altar). Da vida curta. Das carreiras longas. Das coisas que chamamos de nossas. Nós, humanos, esquecemos se quer que o destino existe.
Porque o destino não vende Adidas.

Não come lanches.
Não anda de Mercedes.
E nem tem apartamento de frente pro mar.

O destino é um chato que não dá importância pra nada disso.
E ri enquanto a gente passa essa existência de costas pro lindo céu que ele pintou.

Ele ri enquanto a gente afunda a cabeça no tablet, no note e no celular, se alegrando com coisas que não nos alegram. Rindo da desgraça alheia. Nos comovendo com amizades de plástico. E lendo bulas de remédios que não podem ser ingeridos com alcool.
Um dia, caro(a) leitor(a), o destino só se enche o saco de esperar. Ou sei lá, a ampulheta da vida simplesmente termina de escorrer suas areias. Toca o sinal. Acaba o recreio. Apita a sirene. Batem na porta. Enfim, dá a hora!
E ele (o destino) chega no nosso ombro, nos cutuca com o a mão em formato de bico e quando olhamos, ele fala:

" - Deu tua hora queridão!" - apontando pro relógio com o dedo.

E ali, tu choras. Pensando que era preciso ter vivido mais. Com mais vontade, e menos bobagens!

Eu sei, porque eu já vi acontecer.

E você também vai. Antes do fim.

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