segunda-feira, 7 de outubro de 2013

É sobre um piano que pega fogo durante o show. Mas não queima até o final.

De vez em quando é sobre esse piano. De vez em quando ele vai queimar enquanto o coral canta "Who Knows Who Cares"  dos Nativos Locais. E tudo parece seguir como planejado para platéia que assiste ao show com seus olhos abertos e fixos nas luzes. Como mosquitos atraídos por um neon.
Eu não os como. Nem vou comer. 

Mas é assim que algumas pessoas são com os shows de suas vidas.
E é bizarro tu te levantar durante a apresentação e perceber que aquela luz nem te chama tanto a atenção... E ver um monte de gente de boca aberta.

Dois coelhos e eu penso que vivo reaprendendo a amar. Um dia me vi na frente de um amigo que sabia tudo sobre o amor. Ele tinha até um diploma sobre o sentimento. E foi então que o cara me disse:
"- O amor não é um sentimento. É uma sensação. Como colocar 5 colheres de sopa de sal na boca. Sem gosto. Você só sente aquilo e mesmo depois que o cospe continua sentindo. E mesmo depois de bastante tempo, você ainda lembra de como era. E vai sempre lembrar..."
Eu discordei. Mas não disse que discordei porque pra mim o amor pode ser o que cada um quiser fazer dele.
Os dias voaram sobre as nossas cabeças. A terra girou. As estações se alternam. Civilizações nascem e morrem enquanto a CNN diz que os EUA está sempre certo. E ninguém se lembra do que devemos fazer. De porque estamos aqui. E aí perdemos tempo dançando músicas erradas. E a Tiê que vive me dizendo que só sabe dançar comigo. 


Depois de amanhã é o último dia da vida de alguém. E você não se importa, porque você provavelmente não conhece essa pessoa. Mas alguém conhece. Ela é filha e filho de alguém. É amante de alguém. É amigo e amiga de alguéns. É uma pessoa como eu e você. Como seu pai e a minha mãe. Que pode ter um cachorro, um gato, um pássaro ou até mesmo um jabuti. Ela caminhou pela primeira vez na casa da avó. Falou pela primeira vez em um almoço de sábado. Ela abraçava sua família com frequência. Gostava de correr quando era pequena. Beijou pela primeira vez escondida e cheia de ansiedade. Foi para o colégio e tinha boas notas (não as melhores, só boas). Ela escolheu uma universidade e precisou de dois vestibulares para entrar. Ela fez novas amizades, teve novos amores, viajou, trabalhou, chorou, sorriu e dançou em porções diferentes.

Até que depois de amanhã, ela morreu.

Mas só os que estavam ao seu redor choraram. Porque ninguém lhe conhecia como eles.

E porque nós não amamos uns aos outros como deveríamos.
Nós odiamos uns aos outros como nunca deveríamos.

E é isso.

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