quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Querida escuridão,

A escuridão te acompanha. Em todo lugar que estás, ela nos segue. Sempre que fecho os olhos, ela se repete. Em um intervalo negro para o mundo que vejo. Para o mundo a minha frente. Ela corta a realidade. A decepa como uma navalha quente. Dizendo aos ouvidos que sabem escutar que está aqui. Que te vê. Que acompanha teus passos, teus risos e teus embaraços. Ela não opina nas tuas questões. Mas sempre que quiseres, fecha teus olhos. E aceita o seu abraço. A escuridão é chuva repentina. Não pede licença. É visita inesperada. Amizade de longa data encontrada ao dobrar a esquina. Ela te reconhece. Houve um tempo em que tudo que vias era ela. No ventre da tua mãe não havia aquarela. 
- Escuridão, minha querida, porque me acompanhas?
- Sou eu que te mostro que há fim na vida!

- Mas vida é feita para ser vivida, não para esperar o fim!
- Só podes vive-la se lembrares de mim. Do contrário haverá sempre um dia igual ao outro. Em um livro de fotos repetidas, que simplesmente termina.
- Queres me dar um sentido para viver?
- Quero te dar um sentido para morrer!


Alguém um dia disse que ninguém nunca foi capaz de nos explicar porque viemos para esse planeta e porque nos obrigam a ir embora dele.


A escuridão sabe do que eu estou falando.
Feche seus olhos...

Sem comentários:

Enviar um comentário