segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O novo mundo social.

Nós aceleramos a comunicação. "É sabido" diriam os dothraki vindos dos livros do Game of Thrones de G.R.R. Martin. Aceleramos tanto que mesmo você não sabendo o que os dothraki são, é só abrir uma nova aba no seu navegador e pesquisar no google. Pronto, você saberá! E isso é o quão rápido nós aceleramos a comunicação.
A correspondência física, por exemplo, que antes demorava meses e até fazia aniversário antes de atingir o destinatário, hoje chega em minutos. As vezes segundos. Viajando em um formato digital que recebe o mesmo nome só que inglês: "mail". Isso me faz imaginar que talvez se um dia a humanidade inventar um carro que voe ele se chame "car". Ou alguma outra palavra em chinês. Enfim.
Aceleramos a forma como o conhecimento se relaciona com o indivíduo. E consequentemente com a sociedade. Mas ao mesmo tempo, em algum ponto dessa estrada, de alguma forma, tiramos o valor do saber. Nós o tornamos menos importante.
O conhecimento específico já foi a chave para que muitas civilizações prevalecessem sobre outras. Pela falta do conhecimento, muitos de nós perderam suas vidas. Ou as mantiveram! Pela presença do conhecimento, muitos evoluiram em direção ao próximo passo. Ou ficaram para trás na silenciosa e importantíssima corrida pelo desenvolvimento de nossas vidas. É só pensar que a 5 anos atrás não tinhamos "whatsapp". A 10 anos atrás não tinhamos banda larga, nossa internet era discada e de péssima qualidade. A 20 anos atrás nossa telefonia móvel engatinhava sem imaginar onde estariamos hoje. A 40 anos a televisão era o meio de comunicação com maior velocidade que conhecíamos. E nada, nem de longe, chegava se quer perto dela quando o assunto era o nível de audiência. O próximo passo pode ser mais longo, mas a 80 anos, em 1935 o rádio tinha o lugar que a televisão ocupou/ocupa (usei o verbo ocupar em dois tempos diferentes porque depende que está lendo o texto). O rádio era em muitas casas, uma parte importantíssima da dinâmica familiar. Onde os homens se reuniam para ouvir noticias e as mulheres (ainda mais discriminadas do que são hoje, acredite) ouviam novelas e músicas da moda. Não, ninguém tinha iPod. Pen drive no carro? Nem pensar. Play list no superplayer.fm ou no youtube então? Jamé!

Pois é. Começamos engatinhando, nos levantamos, demos alguns passos, começamos a correr, aceleramos a velocidade com nossos "Nike Shocks" e hoje estamos saltando, esperando ansiosamente o dia em que voaremos. Em que flutuaremos pelo eixo da comunicação com a rapidez de um caça F-15 Eagle. Que se você não sabe, o google lhe dirá, ser um dos aviões mais rápidos do nosso planeta.
Eu matutei algum tempo sobre que analogia faria a maior parte de pessoas entender meu ponto entre a cruza da velocidade da comunicação e do valor que se dá para o conhecimento facilmente acessível a qualquer um com uma conexão a internet.
Pensei no seguinte: se você faz um passeio de bicicleta, te lembras das pedras e buracos que tivesse que desviar no caminho. Te lembras do céu, dos prédios, da praia por onde tu pedalou, de quem estava contigo. Vais mais devagar, mas guardas montes de coisas. Se tu viajas de carro, em uma freeway que permite até 150 km/h de velocidade com pistas retas, sem solavancos, tu mal e mal percebe o visual que passa pelas tuas janelas. Talvez te lembres de um campo ou de um morro. Do mar. Ou sei lá, de algo que esteja associado a ti. Vais mais longe mas vês menos coisas. Agora, se tu viajas de avião, no máximo nas primeiras vezes te importas em olhar para baixo. E tu vê até a linha do horizonte, a dobra do planeta... Mas não tens como ver as mesmas coisas da forma como farias se fosses pelo chão. Atinges distâncias colossais em algumas horas.
O conhecimento é o meio de transporte. Não a viagem. A viagem é a atenção que damos para o conhecimento adquirido. Se vais de bicicleta, é claro que vais demorar infinitamente mais para chegar ao teu destino do que se fosses de avião. Mas o processo se altera.

Vale discutir as funções de cada meio de comunicação. A idéia aqui não é (e nem poderia) abominar a comunicação acelerada. Não. A idéia é valorizar o conhecimento. E principalmente aprender a obte-lo e a usa-lo. 
A comunicação acelerada tem muito valor na transmissão de informação. Resultados de exames médicos e até cirurgias, balanços financeiros, trâmites burocráticos e muitos outros setores se beneficiam com o acesso rápido.
Mas quando falamos de conhecimento, a figura muda. Formamos hoje, adolescentes e jovens adultos que acham que porque podem saber a qualquer momento, já sabem.
O google, por exemplo, é sim uma ferramenta de possibilidades quase infinitas.
Para quem souber realmente utiliza-lo.


O conhecimento pode ser a resposta para muitas de nossas questões. O que, ao mesmo tempo,  vai ampliar algumas perguntas para novas questões que podem precisar de algo além de formulas e regras para serem resolvidas.

Questões que podem nos levar mais fundo e mais longe do que a racionalidade tecnológica considera ser possível (ou impossível).
O limite vai além das métricas sem dúvida. Basta ultrapassa-lo.


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