quarta-feira, 1 de abril de 2020

COVID-19 e a lista de schindler.

Se você já viu o filme "A lista de Schindler" eu vou precisar de um pouco da tua paciência.
Se você não viu, você deveria ler isso e assistir o filme:

No filme, Oskar Schindler busca de várias formas diferentes usar da sua influência política e econômica para retirar judeus dos campos de concentração e emprega-los em sua fábrica. 
Em um dos momentos finais do filme, com o fim da guerra declarado, Schindler foge com a esposa na presença de todos que salvou. 1.100 pessoas, se não me falha a memória. Mas antes de partir, ele tem uma epifania:
"- Eu poderia ter salvo mais pessoas..." - ele diz.
"- O Senhor salvou 1.100 pessoas, gerações nascerão por sua causa..." - lhe responde Itzhak Stern, seu contador.
"- Esse carro vale pelo menos dez pessoas..." - continua - "... esse broche de ouro vale duas, eles me dariam no mínimo uma pessoa por esse broche...".

O personagem Oskar Schindler foi bastante questionado por historiadores alguns anos depois. Sobre a sua benevolência e sobre a suposta caridade que cometeu (ou não). Eu continuo gostando do filme mesmo diante de todas as novas vertentes que a história moderna nos trouxe.
Porque considero o longa um convite a reflexão. Um convite feito em 1993 e vencedor do Oscar de melhor filme de 1994. Mas que estranhamente nunca deixou de ser atual, e inclusive consegue se tornar até mais atual do que já foi...

"A lista de Schindler" sussurra aos olhos de quem a assiste que a vida é rara. O filme nos conta como cada ser humano é incrível dentro das suas próprias características e anseios. E que cada vida tem o direito de existir da sua forma sem nunca dar fim a nenhuma outra vida.
Não existe "escolha de Sofia" entre a vida e qualquer outra alternativa. Nem haveria como existir.

São tempos perturbadores esses que vivemos. Alguns especialistas dizem que essa é a maior crise desta geração. Ao redor do mundo os números crescem e poucos parecem perceber que bastou a natureza bater a nossa porta com seus tentáculos invisíveis e dizer:
"- Oi sumidos, lembram de mim?"
Para que absolutamente todo nosso modo de vida tivesse que ser repensado globalmente. E ainda assim, enquanto fazemos isso, contamos as semanas e os dias que levam para poderemos retomar o nosso velho jeito de existir. Esperando que em breve tudo isso seja só uma lembrança no passado...

Eu me vejo encarando a janela enquanto a noite puxa seu manto sobre o dia, pensando que o ser humano é uma criatura complexa.
Para alguns de nós, podemos valer a guerra entre as nações causando desolação e morte para centenas de milhares. Para outros o nosso valor é um simples broche de lapela.
A resposta aparentemente depende de quem pergunta e do índice Dow Jones do dia em que perguntou...

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