terça-feira, 9 de abril de 2019

Me atiro sobre o tiro.

Eu tava pensando que todo começo de texto é a eclosão de um casulo. Não sei como os outros escrevem, eu pelo menos, nunca tenho certeza do que vai sair pela ponta dos meus dedos. É parecido com a maturação de uma fruta, tu não tem certeza do sabor do morango até poder prova-lo. Eu sei que já falei sobre isso antes, mas a página em branco é um desafio para qualquer um que deseja se expressar. Ela é a primeira a ler o que se diz. E as vezes te diz que não gostou do que está escrito. Outras vezes ela permanece em silêncio. O fato é que nem sempre se pode ouvir as vozes pelo caminho, a voz da página em branco é só mais uma a ser ignorada.
Mergulho mais fundo e o que me vem a mente é um emaranhado de lembranças. Ainda essa semana eu sonhei com o meu velho pai, ele sorria, parecia super bem, mais jovem do que da última vez que eu lhe vi. É um daqueles sonhos que são parte sonho, parte pesadelo. Eu lembro de sorrir de volta pra ele e do pensamento "pô, agora eu posso falar contigo sobre isso aqui que eu tenho guardado..." mas mesmo tentando, eu não conseguia falar. Até pensar: 

"- Ok! Eu não falo nada então, só de ficar perto de ti já tá massa..."
Alguém me diz que o sonho não era sobre meu velho, era sobre "isso aqui que eu tenho guardado...".
Talvez.
Mas eu continuo a descer nesse universo branco e deixo o setor "velhos parentes que já morreram" para trás. "When i come back, i´ll give you love and I hope that you´ve not given up", canta o George Taylor nos meus ouvidos exatamente agora. É uma boa música, por isso deixei o link.

É engraçado como a gente persegue o sol. Quando o sol não está no céu, a maior parte da humanidade se desliga do mundo. Hão de dizer que existem os que trabalham a noite, os que curtem a madrugada e os que não conseguem dormir. De fato, eles existem. Mas a grande maior parte de nós, segue o sol para onde ele for. Somos como girassóis que caminham pela terra. Sempre em busca de mais um raio de luz. Não é de espantar que os primeiros de nós fizeram do sol uma divindade. Ok, parei. Alguns pensamentos são pássaros presos em gaiolas, livres se vão para além dos olhos. Presos são bonitos e tristes ao mesmo tempo...
Tenho tentado não escrever sobre esquerda e direita, sobre política e comportamento humano. Mas não vou mentir: tenho enchido a minha caixa de "rascunhos" do BLOGGER com vários textos inacabados.
Esses dias sentei para fazer a minha primeira tatuagem, e depois de 5h, ela estava feita. Não vou reclamar de tudo o que aconteceu com ela depois, basta dizer que falar sobre a marca que escolhi pra minha pele é completa quando a menciono nesse tecido digital que é o MURRO. Eu a acho linda de qualquer forma e não tenho nem 1g de arrependimento.
Minha pele foi a página em branco de alguém.
Quantas vezes nós somos a página em branco de outras pessoas?
Prontos para cumprir o que se espera ou o que desejamos? Ou o meio termo entre as duas opções?
Viver é tatuar os dias, nós nunca poderemos voltar para corrigi-los. Mas sempre poderemos tatua-los de outra forma amanhã.
Não se esqueça nobre navegador digital: viver não é preciso, navegar é preciso.
Até :)

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