segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Do futuro para o agora.

Seja verdadeiro, se possível seja visceral. Não importa o quanto você perceba o mundo confuso ao seu redor. Mantenha seus olhos sobre quem você realmente é. Isso será, de diversas maneiras, uma das coisas mais difíceis que a vida irá lhe perguntar:
"- Tá tudo muito bem, tá tudo muito bom... Mas, quem é você mesmo??" - ela irá lhe dizer como quem pergunta as horas a um estranho na rua...
Será como se um unico holofote se acendesse sobre você. E toda a platéia da tua vida estivesse te encarando. Sentados, te olhando. Te medindo. Cochichando. Alguns pequenos risos do pessoal no fundo. As lágrimas de emoção daqueles que te amam na primeira fileira, confiando em ti mais do que tu mesmo... Nas cadeiras centrais um silêncio frio. Questionador. De quem só pagou para entrar porque achou que seria interessante. Sem nunca ter te conhecido.

Tu vais ouvir alguém tossindo... E vais te sentir despreparado. Com aquele texto decorado na ponta da língua. Suando. Exausto. Mas se estiveres no lugar certo. Se for para ser assim. É naquele momento que vais desdobrar a coluna, se deixando ficar ereto. Firme. Com a cabeça erguida. E passado o silêncio estranho e sem explicação. Vais pensar:
"- É isso!".
E vai ser a hora.
Sem mais ensaios.
Sem mais leituras.
Só tu contra ti mesmo. Com uma multidão de conhecidos e desconhecidos assistindo a tua luta contra o teu outro tu. Desejando sucesso ou insucesso. Não fará diferença, tu vais perceber. A vontade deles só muda algo, quando tu permites que mude...
E pode ser lindo. Eu acredito que possa ser. Se estiveres sendo tu mesmo. Se tiveres sido tu mesmo. E se não pretenderes ser ninguém além de ti.
Por baixo de toda essa roupa. Atrás dos teus olhos. No fundo mais profundo do teu coração. Ali, aonde a alma e o amor se tornam numa coisa só. Uma coisa sem nome. Sem peso. Sem tamanho. Sem futuro e sem passado. Naquela uma única célula do teu corpo que compreende o que eu digo. Ou que acha que compreende sem ter certeza absoluta do que pode ser. É de onde vem a tua resposta.

E ela não grita ao sete ventos de todos os pulmões uma certeza. Não, meu caro(a). Ela murmura. Ela insita sutilmente com o corpo, os olhos, o tom da voz e o sorriso.
Aí, antes que percebas, tu escutas aquele som. Quem nem um som é. Que nem tem nome. Que não faz barulho, mas muda tuas falas. Que não pode ser lido, mas altera todo teu jeito de pensar. Que não consegue existir fisicamente. Mas de algum jeito, todo ser vivo que te vê, percebe.

E tu começas aquilo que nunca parasses de fazer.
Aquilo que sempre foi mais tu do que o teu próprio corpo, teu rosto e teu jeito.
O que te traduz para o universo.
O motivo pelo qual a tua energia se comprimiu toda dentro desses núcleos celulares, orgãos e sistemas orgânicos.
A razão pela qual estás aqui.


E de alguma forma, agora, por algum motivo, resolveu que deveria ser exposta.

E assim, tu percebe que o mundo é só o palco de um espetáculo que nunca teve um começo e que jamais terá só um final.
 

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