segunda-feira, 7 de julho de 2014

Deixa assim.

Quanto tempo passa, até o tempo acabar?
Escorre o vento pela janela.
E eu fico aqui imaginando pra onde o vento sempre vai, tão apressado. Voando para todos os lados.
O sol sobe e desce brincando de esconde-esconde com a lua enquanto a terra dorme no mais profundo coma. Sonhando com a humanidade.
Ninguém consegue nos ouvir. Nós tentamos falar, mas parece que todo o mundo está completamente surdo.
Conheço um bosque onde sempre chove. E só chove dentro dele. Mesmo quando o dia do lado de fora é um sábado de sol com céu azul de brigadeiro. Lá dentro chove.
Sombras no caminho. Todo mundo vê a luz no final do tunel. Pouca gente olha para as sombras. Nelas nós jogamos nosso lixo. Nossos medos. Nossos sustos. Nossos erros.
As sombras são mais nossas amigas que a luz, me diz um alguém.
Porque, perguntei.

Porque elas aceitam nosso pior. Sem nem perguntar porque.
Verdade, pensei.
Mentira, tentei.

Tanto faz, entreguei.
A vida tem dessas. De Reis e Zés. De gente feliz que anda a pé. E o mundo se abre. Seus horizontes se desfazem. Nossas histórias se entrelaçam e se separam. Se enroscam e se soldam. Como duas tripas de massinha de modelar, uma branca e outra preta. Que de tanto girar na mesa, viram uma cinza. E quando as dividimos, elas são de outra cor. São de uma cor diferente do que eram antes. E continuam assim, até que o infinito termine.
Uma vez eu conversei com uma raposa, ela me disse que uma borboleta lhe contou que o mundo tinha dia pra acabar.
Terminou que não.
Terminei que sim.

O fim não termina.
Ser fim é, na maior parte do tempo, um outro nome pra um novo começo.
E quem quiser que lute contra isso.

 

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