quinta-feira, 6 de junho de 2013

Meu amor, essa é a ultima oração. Pra afundar meu coração. E nele não cabe o meu amor. E nem você.

Penitência.

Alguém me disse que pra escrever melhor é preciso escrever uma palavra que se sinta no começo da página. Eu escrevi uma palavra, mas o que apareceu foi essa que está ali.

Palavras falam muito pouco, pensei. Talvez seja por isso que eu me preocupo mais com as palavras que não se pode ler, do que com as escritas. Alguém pode achar isso bobagem. Muita gente deve achar. Eu acho. Mas ainda assim, é quando escrevo com as palavras escondidas que consigo me libertar. As palavras ditas são muito curtas. Seu som é meio oco. Isso não explica como me sinto sobre elas, não completamente. Mas é um bom começo. Palavras ocas de madeira mole. Palavras longas de pedra sólida. Palavras com limo escondidas dentro de nossos umbigos. Palavras de vento, que se somam, multiplicam e dividem em palavras de pó. Palavras de água que secam. Palavras de carne que apodrecem. Palavras de nó que se prendem e palavras de nó que se perdem. Palavras tão curtas quanto suspiros de amantes embaixo dos lençois. Palavras tão longas como sentimentos gritados a plenos pulmões. Palavras que colam, que grudam, que se juntam a nossa alma, nossas línguas, nossos vidas. Palavras que fogem quando o coração para de bater. Palavras que morrem quando o coração começa a bater. Palavras que pulam de prédios e deixam outras palavras escritas. Palavras que choram e fazem chorar. Palavras de riso. Palavras de céu. Palavras de verde grama. Palavras de ar.


Eu achei que palavras fossem só vento. Mas não. Palavras são a minha penitência. São meu fardo. Palavras são meus pavores e minha alegria descontrolada.

Palavras são tudo e as vezes nada. Mesmo sendo as mesmas palavras.

Eu sei que ser piegas é pouco interessante. Mas ser interessante não me interessa. Nem bolos também.

O que me interessa, são as palavras.

Para larvas.

Para, lá, vás.


E quem não for, que procure suas próprias palavras.



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