quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Milionário e Zé Rico em "Nessa longa estrada da vida"

Na verdade, eu escrevi isso, ouvindo Cícero.
Todo dia é um passo. Dias bons são dois passos. Dias ruins são um passo a menos. Alguém me diz que mar calmo nunca fez bom marinheiro. E eu pergunto para o capitão dentro do meu barco imaginário o que ele acha disso.
Me responde: 

"- Navegar é preciso, viver não é preciso. Não posso evitar as tempestades ficando na terra. Navegar a tempestade é um preço pequeno a pagar pelo mar..."
Ele ama o mar. Eu sei.
Há quem ame a estrada.
Quem ame a luta.
A verdade.
O filho.

E quem ame nada.
Amar e caminhar o caminho. Não é todo mundo que entende, mas isso é mais importante do que chegar. O ponto final do destino só serve para que novos caminhos se abram.
E sem novos caminhos, o caminho não existe.
Um dia, todos seremos só um perfil do facebook largado as traças digitais. Seremos um perfil obsoleto do instagram. Seremos uma lembrança, uma foto dentre uma galeria. Seremos a estrada que andamos. O caminho que fizemos.

E enquanto eu falo sobre a ausência do corpo físico, alguém me pergunta qual é a graça em ter um blog se nem "likes" eu posso ganhar.
Vomito sangue sobre meus próprios pés.
Tudo vira camera lenta enquanto eu sinto o suor escorrendo pela minha testa. Uma vaso cai de uma comoda a alguns metros de mim. Vai demorar muito tempo até chegar no chão. E vai se estilhaçar quando o fizer. O vaso somos nós e a gravidade é Jesus. Péssima referência.
Antes do caos, ligo Baleia no meu fone e dou outro passo em direção a qualquer lugar.

Enquanto eu saio pela porta e meus dedos ficam em cima do teclado, eu penso que dá pra caminhar até sentado. O caminhar é mesmo incrível. Você caminha até parado. Caminha do jeito que quiser.
"Decifra-me ou te devoro!" - ouço alguém dizer.
"Quem disse isso?" - pergunto para a parede.

"Não sei Leandro, eu sou uma parede seu imbecil..." - responde ela.
"Desculpe parede. Acho que alguém me mandou decifrar algo ou serei devorado..." - digo eu olhando para minhas próprias mãos.
"Fui eu quem disse" - me fala essa voz que eu não consigo identificar se é feminina ou masculina.
"Quem és tu, ó voz misteriosa?" - pergunto novamente.
"Eu sou a vida, e mesmo que tu me decifres eu vou te devorar...." - responde ela com tom perigosamente perigoso.
"Que merda hein?!" - digo eu me sentindo o mais solitário dos seres do universo.
"Vocês não fazem ideia do tamanho da merda Leandro..." - responde ela surgindo diante de mim com um sorriso de mil dentes.
E o vazo finalmente encontra o chão em um universo de caos e cacos brilhantes.


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