Me canta Cícero ao pé do ouvido: a vida segue sem alarde.
Naquela ligação que tu ias fazer, mas ficou para mais tarde.
Com o teu amigo que ias tomar uma, mas não aconteceu.
Tipo aquele texto que eu escrevi em um guardanapo, e que se perdeu.
Ou aquele desenho que a gente rabiscou, e ninguém mais viu.
A vida se esgueira por entre os "tic-tacs" dos relógios.
A cada pulsação do coração, ela se encurta.
Na rotina dos dias ela se acostuma.
Como uma dança hipnotizante, ela te prende parado.
A vida te faz capacho.
E tu de joelho dobrado, se sente elogiado.
Até o dia em que tuas mãos se enrugam.
Teus olhos e ouvidos, falham.
E tu pergunta:
"- Para onde foram todos esses anos?"
E a vida responde com um sorriso de chumbo.
Um sorriso de vala, com pregos e caixão,
no fundo.
E de lá, soterrado nos dias que tu viveu, tu pensas:
"- O que foi que aconteceu?"
Nada demais.
Tu só viveu.
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