Não existe o agora, falou Buda baixinho. Quase um sussurro.
E de leve veio a banda caminhando pela rua. Ao som da caixa da bateria, rufada como um tambor. Seca. No pá pá pá pá pá pá pá pá. O dia nascia. Laranja, azul, amarelo e negro. Aos poucos se ouvia o coral no lálálááá. E o piano de sopro que eu nunca sei o nome e que não vou procurar no google agora cantarolava romântico e simpático.
"- Não se esqueça do caminnhar..." - me disse Pablo Neruda com um sorriso nas duas bocas do seu queixo.
"- Isso é só mais um sonho né ?" - perguntei.
"- Nada é só um sonho. Mas todos estamos dormindo..."
"- Eu te odeio."- falei olhando para baixo, enquanto ouvia o coral se aproximar.
"- Somos um só."
"- Eu sei. Somos todos nós."
"- Isso..." - me disse a boca da direita enquanto a da esquerda sorria.
"- Obrigado por isso Pablo. Não me esqueci do caminhar. Só precisei dar uma paradinha, mas já vou continuar..."
"- Veremos sobre isso." - me disse ele com ar de mestre Yoda, tirando que o Yoda diria "sobre isso, veremos...".
E sai correndo atrás da banda gritando:
"- Heeeeey, eu também vou !"
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