Meu pé pisa o barro seco da estrada. Pedrinhas embaixo dele gritam por suas vidas. Meu pé é impiedoso. Pouca coisa o fez parar até hoje. Por algum motivo eu prefiro meu pé direito ao esquerdo. Esse é um baú que nunca abri. Também, nunca me fez sentido descobrir o porque.
Mas, ao mesmo tempo, se hoje escrevo essas palavras deveria ter talvez prestado mais atenção a mim mesmo. Me cansei de mim. Me cansei de acordar comigo. Me cansei de ver com meus olhos e ouvir com meus ouvidos. Minha voz então. Minha voz me irrita profundamente. Meu silêncio me traz os pensamentos que não quero ter. Meus dias terminam em noites que me deixam triste e que por sua vez terminam em dias sem muito sentido.
É, meu pé favorito pisa sobre as pedras que clamam piedade. Mas sem piedade suas pisadas continentais são dadas. Talvez com algum pesar. Um mínimo pesar, franzino e pálido.
Pois é.
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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Palavra.
Se falar te causa nausea.
Cala.
Pra palavra parece
nao haver prece.
Nao haver calma.
Pois como flecha,
se esgueira a morte.
Sempre na sorte.
Cala.
Pra palavra parece
nao haver prece.
Nao haver calma.
Pois como flecha,
se esgueira a morte.
Sempre na sorte.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Descreva pra mim sua latitude, que eu tento te achar no mapa mundi.
É sobre a gentileza, sobre quem somos além do que os olhos podem ver. Sobre isso entre outras coisas. Que eu nem sei exatamente quais são. Nem sei se quero saber. Nem sei se há o que saber. Porque no final desse texto eu vou te perguntar: o que será do nosso amor ?
É.
É.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Enquanto girava o carrossel
Lua pro meu céu.
Digo sim,
pra não ficar assim.
Enquanto girava o carrossel.
Doce mel que mata.
O que resta as linhas tortas.
Em rimas assassinas,
que mal denotam
o fim.
Como as cartas escritas.
Sempre tão belas poesias.
Perfilando o mundo em dias.
Se escondendo.
Fugindo mudo.
Aos berros para surdos.
Que paralizados a observam.
Enquanto girava o carrossel...
Digo sim,
pra não ficar assim.
Enquanto girava o carrossel.
Doce mel que mata.
O que resta as linhas tortas.
Em rimas assassinas,
que mal denotam
o fim.
Como as cartas escritas.
Sempre tão belas poesias.
Perfilando o mundo em dias.
Se escondendo.
Fugindo mudo.
Aos berros para surdos.
Que paralizados a observam.
Enquanto girava o carrossel...
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Sem título.
Minha língua está acorrentada. Os grilhões de ferro saem de baixo dos meus dentes molares, presos a carne da gengiva. Passam por cima de toda ela em seu sentido vertical até o outro lado do maxilar. Se fixando novamente na carne... São várias correntes segurando-a na parte inferior da minha cavidade oral. Dói. Incomoda. Mas não há o que fazer.
As vezes eu acordo durante a noite e ouço minha língua reclamar. Ela se move como é possível, se arrastando a carne dentro da minha boca. Se esfregando aos dentes e movendo a ponta bem suavemente para frente e para trás.
Eu a espero se acalmar. E adormeço ouvindo minha língua chorar sua desgraça.
Ninguém deveria chorar sua desgraça. Mais do que isso, ninguém deveria chorar a desgraça alheia. Se ser infeliz é o que desejas, vá. Não me peça para te acompanhar. Muito menos tente me obrigar. Ninguém deveria ser dragado as correntes das tristezas alheias. Maldita seja a culpa.
Num mundo de fantasia, eu ouvi um cavaleiro dizer que "nada supera a honra". Eu deixei a minha para trás a algum tempo. Pesava muito carrega-la. Nesse planeta abandonado pelos Deuses, ninguém se importa com o que você é. Todos querem o que você tem. Tem sido assim nos últimos oitenta anos e assim continuará.
Pra que esperar ?
Nem o sorriso de domingo cantado pelo Beirut me alegrou. Isso é um mal sinal. Esses caras realmente sabem como me fazer sorrir.
Um primo do Fernão Capelo, me contou sobre uma terra onde a tristeza não pode pisar. Um lugar onde todos são sinceramente felizes ao redor de fogueiras acesas nos campos. Bebendo vinho e dançando a cada entardecer que acontece. Ninguém inveja o que perdeu. Nada o faz derramar lágrimas. Seu coração é blindado as maldades dos corações alheios.
Sórdido é o mundo dos sonhos. Ele se diverte com meus sentimentos. Como quem dança sobre a água cristalina. Repetindo noite após noite a minha dor.
Como eu não tenho como terminar isso, vou usar um final do Fernando Pessoa:
"Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio"
Seja suave a memória lembrando-nos assim, da beira-rio. :)
As vezes eu acordo durante a noite e ouço minha língua reclamar. Ela se move como é possível, se arrastando a carne dentro da minha boca. Se esfregando aos dentes e movendo a ponta bem suavemente para frente e para trás.
Eu a espero se acalmar. E adormeço ouvindo minha língua chorar sua desgraça.
Ninguém deveria chorar sua desgraça. Mais do que isso, ninguém deveria chorar a desgraça alheia. Se ser infeliz é o que desejas, vá. Não me peça para te acompanhar. Muito menos tente me obrigar. Ninguém deveria ser dragado as correntes das tristezas alheias. Maldita seja a culpa.
Num mundo de fantasia, eu ouvi um cavaleiro dizer que "nada supera a honra". Eu deixei a minha para trás a algum tempo. Pesava muito carrega-la. Nesse planeta abandonado pelos Deuses, ninguém se importa com o que você é. Todos querem o que você tem. Tem sido assim nos últimos oitenta anos e assim continuará.
Pra que esperar ?
Nem o sorriso de domingo cantado pelo Beirut me alegrou. Isso é um mal sinal. Esses caras realmente sabem como me fazer sorrir.
Um primo do Fernão Capelo, me contou sobre uma terra onde a tristeza não pode pisar. Um lugar onde todos são sinceramente felizes ao redor de fogueiras acesas nos campos. Bebendo vinho e dançando a cada entardecer que acontece. Ninguém inveja o que perdeu. Nada o faz derramar lágrimas. Seu coração é blindado as maldades dos corações alheios.
Sórdido é o mundo dos sonhos. Ele se diverte com meus sentimentos. Como quem dança sobre a água cristalina. Repetindo noite após noite a minha dor.
Como eu não tenho como terminar isso, vou usar um final do Fernando Pessoa:
"Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio"
Seja suave a memória lembrando-nos assim, da beira-rio. :)
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Irreversível.
Todo mundo muda.
Tudo no mundo muda.
Tempo molhado e bocas mudas.
Timbres imperceptíveis da malevolência alheia.
Tapas a face do rosto que ama.
Tem também o silêncio...
Tênue e draconico silêncio.
Tudo no mundo muda.
Tempo molhado e bocas mudas.
Timbres imperceptíveis da malevolência alheia.
Tapas a face do rosto que ama.
Tem também o silêncio...
Tênue e draconico silêncio.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Eu tinha um treco pra dizer...
Uma estrada mal iluminada com poucos carros sobre ela. Enquanto a noite se sustenta em um piano débil que titubeia tilintares suaves. As curvas reservam surpresas que somente o tempo pode mostrar. Como as lágrimas do choro de quem perdeu o que queria. Ou o sorriso da alegria explosiva do amor carnal consolidado.
Passam pelas minhas janelas, um milhão de zumbis que ficaram para trás. Me parece que na estrada da vida, alguém sempre precisa ficar para trás. Sim. É como ter um carro, ou um onibus. Não importa, simplesmente não vai caber todo mundo... Alguém fica de fora, assistindo o desfecho do filme. Ou a curva engolir a luz para simplesmente desaparecer e nunca mais existir. Nunca jamais será como já foi antes. Eu sei. Mas o garoto de 15 anos que mora dentro da minha cabeça convenceu o comandante do barco de que vale a pena tentar.
Alguém me pergunta do que vale viver 20 anos de alegrias para passar 70 anos esperando pela morte ?
Não vale nem a resposta. Vale sim, você devia ouvir mais discos dos anos 90. Eu por exemplo, ouço Stone Temple Pilots - Creep, exatamente agora. E vale a pena em cada acorde. Em cada tempo de nota batido. Em cada lampejo de refrão que possa ter sido cantado.
A estrada é longa e ninguém sabe onde vai dar, mesmo assim todo mundo vai. Já ouvi dizer que o tempo mal trata aquele que se esquece de agradece-lo. Acho que isso significa que devemos ser gratos pelo tempo que nos é/foi dado. Ou que o tempo é realmente uma entidade que te puxa pelos pés junto ao chão. Te obrigando a ir se curvando a medida que tua coluna e teus músculos não conseguem mais suportar o peso.
Até que um dia vc deita e não levanta mais. Aí as pessoas choram ao redor do teu corpo enfiado dentro de uma caixa de madeira (que por algum motivo é acolchoada...). E as lágrimas também são sugadas pelo tempo e caem no chão.
O tempo é um filho da puta.
Joguem fora seus relógios.
Tire uma foto sua hoje e escreva a data atrás.
Beije quem você quer beijar.
Corra para longe.
Esqueça-se do que te fez triste.
O tempo não sabe teu nome, mas ele vai te alcançar.... Isso é certo.
E as vezes, no teu descuido. Quando menos esperares. Enquanto estiveres tranquilo...
Pode ser tua vez de não ter espaço no veículo da vida.
Ou de deitar na caixa de madeira.
Passam pelas minhas janelas, um milhão de zumbis que ficaram para trás. Me parece que na estrada da vida, alguém sempre precisa ficar para trás. Sim. É como ter um carro, ou um onibus. Não importa, simplesmente não vai caber todo mundo... Alguém fica de fora, assistindo o desfecho do filme. Ou a curva engolir a luz para simplesmente desaparecer e nunca mais existir. Nunca jamais será como já foi antes. Eu sei. Mas o garoto de 15 anos que mora dentro da minha cabeça convenceu o comandante do barco de que vale a pena tentar.
Alguém me pergunta do que vale viver 20 anos de alegrias para passar 70 anos esperando pela morte ?
Não vale nem a resposta. Vale sim, você devia ouvir mais discos dos anos 90. Eu por exemplo, ouço Stone Temple Pilots - Creep, exatamente agora. E vale a pena em cada acorde. Em cada tempo de nota batido. Em cada lampejo de refrão que possa ter sido cantado.
A estrada é longa e ninguém sabe onde vai dar, mesmo assim todo mundo vai. Já ouvi dizer que o tempo mal trata aquele que se esquece de agradece-lo. Acho que isso significa que devemos ser gratos pelo tempo que nos é/foi dado. Ou que o tempo é realmente uma entidade que te puxa pelos pés junto ao chão. Te obrigando a ir se curvando a medida que tua coluna e teus músculos não conseguem mais suportar o peso.
Até que um dia vc deita e não levanta mais. Aí as pessoas choram ao redor do teu corpo enfiado dentro de uma caixa de madeira (que por algum motivo é acolchoada...). E as lágrimas também são sugadas pelo tempo e caem no chão.
O tempo é um filho da puta.
Joguem fora seus relógios.
Tire uma foto sua hoje e escreva a data atrás.
Beije quem você quer beijar.
Corra para longe.
Esqueça-se do que te fez triste.
O tempo não sabe teu nome, mas ele vai te alcançar.... Isso é certo.
E as vezes, no teu descuido. Quando menos esperares. Enquanto estiveres tranquilo...
Pode ser tua vez de não ter espaço no veículo da vida.
Ou de deitar na caixa de madeira.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
(Sem título)
Como a grama que cresce no meio das pedras da cidade, aumenta a vontade. Subindo as paredes dos prédios por entre os tijolos, janelas e rachaduras. Dividindo o que era, do que vai ser... Rasgando a cortina que separa os mundos, todos eles.
O mato que nasce, enrola nossos pés e sobe pelas pernas dos que o aceitam.
Nada pode parecer o que não é, a não ser que em parte seja. Filosofia de banheiro e o mundo continua a girar. Porque amanhã o sol nascerá. E nada vai parar a Máquina de Guerra do Sol nascente no Mundo das Cortinas.
Só mesmo a Yoshimi pra me salvar. Eu sou faixa branca em Karate ! Ela é faixa preta.
Mesmo num mundo onde cachorros não voam e sorvetes não falam. Eu me esforço pra ver o invisível dos meus olhos. Na sombra da luz que a lampada deixou marcada na parede ao cheiro da cachoeira que molhou minha camisa verde. E quando ando descalço pelo gramado, tento desviar dos pequeninos que lá habitam. Com suas pequenas casas e construções. Gritando ao que passam para que sejam menos surdos e mais cuidadosos. Pois o mundo vive o tudo que o nada nos deu. E joga fora mudo e surdo o tudo que recebeu sem esforço. Ninguém conhece o segredo da vida e da morte como ele. E todos que conhecerem ficarão surdos, cegos e mudos igualmente.
Pois da gentileza eu quero as pétalas aveludadas. O calor do abraço e o carinho suspirado ao pé do ouvido. Sem silencios eternizados. Sem amargos sorrisos desdenhados. Sem apertos de mão com faca em punho.
Só a lágrima do olho feliz que se satisfaz ao nada dizer.
Me dá teu amor mesmo que junto com teu ódio.
Me alcançar tua mão que igualmente venha com teu abraço.
Abra a porta da tua casa pro cheiro do Sol que vem de fora.
E deixa tudo ser o que é, para que nada nunca precise ir embora ;)
O mato que nasce, enrola nossos pés e sobe pelas pernas dos que o aceitam.
Nada pode parecer o que não é, a não ser que em parte seja. Filosofia de banheiro e o mundo continua a girar. Porque amanhã o sol nascerá. E nada vai parar a Máquina de Guerra do Sol nascente no Mundo das Cortinas.
Só mesmo a Yoshimi pra me salvar. Eu sou faixa branca em Karate ! Ela é faixa preta.
Mesmo num mundo onde cachorros não voam e sorvetes não falam. Eu me esforço pra ver o invisível dos meus olhos. Na sombra da luz que a lampada deixou marcada na parede ao cheiro da cachoeira que molhou minha camisa verde. E quando ando descalço pelo gramado, tento desviar dos pequeninos que lá habitam. Com suas pequenas casas e construções. Gritando ao que passam para que sejam menos surdos e mais cuidadosos. Pois o mundo vive o tudo que o nada nos deu. E joga fora mudo e surdo o tudo que recebeu sem esforço. Ninguém conhece o segredo da vida e da morte como ele. E todos que conhecerem ficarão surdos, cegos e mudos igualmente.
Pois da gentileza eu quero as pétalas aveludadas. O calor do abraço e o carinho suspirado ao pé do ouvido. Sem silencios eternizados. Sem amargos sorrisos desdenhados. Sem apertos de mão com faca em punho.
Só a lágrima do olho feliz que se satisfaz ao nada dizer.
Me dá teu amor mesmo que junto com teu ódio.
Me alcançar tua mão que igualmente venha com teu abraço.
Abra a porta da tua casa pro cheiro do Sol que vem de fora.
E deixa tudo ser o que é, para que nada nunca precise ir embora ;)
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Me disse Sylvia Plath:
Axes
After whose stroke the wood rings,
And the echoes!
Echoes traveling
Off from the center like horses.
The sap
Wells like tears, like the
Water striving
To re-establish its mirror
Over the rock
That drops and turns,
A white skull,
Eaten by weedy greens.
Years later I
Encounter them on the road
Words dry and riderless,
The indefatigable hoof-taps.
While
From the bottom of the pool, fixed stars
Govern a life.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Olá 2011 :)
Se é pra ser novo que novo seja.
Claro, é sempre bom recomeçar. Sentar com uma folha em branco na frente e desenhar o que você quiser é melhor que retocar a obra dos outros.
Um 2011 tão especial que 2010 fique com inveja e resolva voltar em 2012 - que no caso jamais existirá :)
Assim um dia voltaremos a 1982 e eu vou poder me ver nascendo.
No sense sem graça e fora de contexto. Do jeito que eu gosto.
FUCK! Yeah ;)
Nos vemos por aqui.
Claro, é sempre bom recomeçar. Sentar com uma folha em branco na frente e desenhar o que você quiser é melhor que retocar a obra dos outros.
Um 2011 tão especial que 2010 fique com inveja e resolva voltar em 2012 - que no caso jamais existirá :)
Assim um dia voltaremos a 1982 e eu vou poder me ver nascendo.
No sense sem graça e fora de contexto. Do jeito que eu gosto.
FUCK! Yeah ;)
Nos vemos por aqui.
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