Abre a cortina, é dia.
Lá é tão longe
nem parece existir.
As vezes a vida se finge de amiga.
Só pra ser amiga de quem a garante o sorrir.
Gratidão é o odio de quem precisa de algo.
Gentileza também não precisa existir.
Multila o que eu sinto e o que digo sentir.
Esconde tua agonia no que sobrou de mim.
Abre a cortina, é dia.
Não mintas, ao menos hoje, pra ti.
Solidão fria que te busca sempre.
E se desespera por não conseguir.
Se brilha a estrela no teu céu de longe.
E dizem que falam mais do que podemos ouvir.
Se vives a vida, como se fosse um sonho.
E te serve a morte de manto para não existir.
Cala então, este meu pranto.
Nega a palavra que jamais vou ouvir.
Me proibe de ver sorrisos além do horizonte.
E me obriga a partir de ti.
Pois vivo é o homem que sonha, mesmo obrigado a desistir.
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