Quando tudo demora à acontecer.
Nada e tudo. Tudo é nada. Nada em tudo. Tudo anda. Duto dana.
Para ser nada novamente.
Horas se arrastam sobre a lama pegajosa e as intermitências são gigantescas. Fazendo com que os segundos demorem mais do que deveriam.
Como que calados observamos o mundo, mesmo que falando ou mudos. Nossos olhos percorrem os corpos alheios e suas bocas cheias de palavras. Nossos olhos se perdem entre mentiras e meias verdades.
Nossas almas se cansam e perdem a cor, como nossos cabelos. Nossos ombros se curvam e os mais jovens nos entregam suas muletas da compaixão.
A política continua suja.
A ironia continua dura.
A vida continua. E termina todo dia. Toda hora. Todo tempo.
As frases continuam curtas pois nunca sabemos quando a luz do poste se apagará. Não temos tempo para conversar. E os Deuses nos observam tomando chá.
Rodas giram nos asfaltos e paralelepípidos.
Gritam os porcos com as facas dos homens em seus pescoços. E come-se sua pele frita em óleo e ódio.
E giram as crianças nas praças. Comem os livros as traças. E os desenhos das paredes já falam mais do que deveriam, como o sangue nas camas.
E o eu te amo é pra quem ama. Ninguém ama.
Não na impaciência. Que converte os fatos em gritos. E as verdades em mitos. E quando tudo é improvável, o mundo se curva aos pés da estátua.
Pois ter fé é acreditar no que não se vê.
E nem sempre eu sou um homem de fé (geralmente quando ela me obriga a me sentir burro, a recuso).
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