Parecia que a tarde estava prestes a chover. A qualquer momento. Mas era um instante gigantesco, que não se dissolvia com o tempo. Que não se movia com o vento.
E se via a luz entre as folhas fazer sombra.
E os rostos felizes a sorrir ao lado das lágrimas tristes do chorar.
Um dia desses que não se vê sempre. Até porque dias como aquele, não se consegue simplesmente ver. É preciso ouvir, cheirar e sentir na pele arrepiada pelo calafrio vindo do desaviso.
Não tenho certeza de quanto tempo isso faz, pode ter sido hoje de manhã ou a 5 anos atrás. Mas lembro bem de não sentir as palmas dos meus pés. Palma do pé é a analogia do espírito humano. Não se sente o tempo todo, precisamos procura-la(o). Buscar prova da sua existência como um pena de corvo branco ou um acidente em que você não deveria ter sobrevivido e o médico fala:
"- O fato de você estar vivo, me lembra de existência de Deus..."
E eu pergunto se essa sensação, de achar que Deus pode sim existir, mas sem a certeza absoluta que comprove sua matéria (se é que ele possui alguma...) não é a resposta ? Eu acredito que seja. Pra muitas perguntas ao menos...
Quando a dúvida te invade, cheia de pratos quebrados e gritos de ciúme. Ou quando a dor bate a tua porta com o pé e entra na tua casa sem receber convite formal. E quem convida a dor ? Quando tu paras e pensas que nada é nada e que tudo pode ser transformar em tudo... Alí. Diante do questionamento, seja ele qual for...
Coça a sola do teu pé com uma pena ou o que tiveres na mão.
E continua a caminhar sobre o tempo. : )
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