Deslizam carros
Motos
Bicicletas apressadas.
E ali, naquela esquina
Ficam o homem e sua bengala.
Suas pernas cansadas
A vida apoiada
Na madeira morta
Da árvore cortada.
O sol escaldante
Sem vento
Ou olhar infante
Daquilo que não
vai adiante
Porque caminhar
lhe dói.
O caminhar
lhe foi...
A bengala
lhe deu oi.
E aquilo que era
o tudo, mudou
Não no dia
que passou.
Bem antes!
Mas sempre assim,
lento como o
ponteiro do
relógio corre.
Astuto tempo
Vil, sem perceber
Que da bengala do
velho escorre,
vento e vida
até ele morrer...
E por fim,
solitária a bengala
apoiada atrás da
porta fechada.
No quarto
do antigo dono,
chora ela,
desesperada,
pois sem mãos velhas,
não há bengala
pra ser...