quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sinto muito.

Meu coração bate.
Tambor que a alma guia.
Minutos e horas.
Noites e dias.
Ouço meu nome,
viro devagar.
Fantasmas dançam chorando,
também me fazem chorar.
Como um livro sem fim,
vivemos acordados.
E continuamos lendo e lendo.
E lendo, desesperados.
Há quem grite, quem reclame.
Quem traia e quem ame.
Há quem faça ou fale.
E quem nada !
Somos um sem saber quem somos.
E nos descobrimos ao esquecer quem fomos.
Sinto muito por não sentir.
Eu sinto muito, mas muito além de ti.
Sinto a morte e a vida do sorrir.

Sinto muito por não te sentires assim...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Tin tin, um brinde...

A todo mundo que se revela de última hora. Aos gananciosos que se roem de raiva e agonia por não terem ou não serem. Porque possuir é tudo que importa.
A quem abre a boca e cospe abelhas sem ferrões... porque todos ficaram presos em suas línguas e na carne entre seus podres dentes.
A metáfora cotidiana daqueles que se fecham em razão.
E principalmente a sublinguagem corporal, aquela que fala mais que a boca. Aquela que se esconde lá no fundo da cavidade oral. Dentro da garganta, escolhendo que palavras saem e que palavras não saem.
"- Você passa, você não... Você passa, você ? Tá louco ? Quer me fuder ??? Se eu deixo essa merda sair to fudido porra !?!"

http://www.youtube.com/watch?v=GU_f2vqEgGM&fmt=18




quinta-feira, 24 de junho de 2010

Se eu fosse jovem.

Eu me mudaria para onde eu vivo, pegaria um avião e iria morar lá em casa.
Eu não desistiria profissionalmente da música, deixaria o cabelo crescer para cima (que é pra onde ele vai), tatuaria algum dos desenhos que vivo pensando em tatuar no peito, nos braços, nas bochechas, no pescoço ou nas panturrilhas.
Viveria como um eremita por 1 ano. Duvido que eu fosse conseguir ficar 1 hora, mas tentaria...
Adotaria todo cachorro, gato ou jabuti que se atravessa na minha frente. Levaria pra casa e daria o mesmo nome para todos: Bubble.
Assistira mais filmes e menos documentários. Ouviria mais música clássica. Beberia mais vinho. Comeria mais gordura. Correria menos. Me preocuparia menos com a vida idosa.
Definitivamente, fumaria mais.
Eu leria menos, mas se pudesse me aconselhar, me diria para ler mais. Diria: "bicho, vai ler alguma coisa !" e provavelmente me responderia: "vai se fuder !" e aí diria: "vai se fuder nada ! deixa de ser tanso e vai ler... porque daqui a 8 anos tu vai pensar... caramba ainda não ali aquela merda ?"
Falaria menos palavrões.
Conversaria mais com estranhos. Gente estranha é surpreendemente divertida.
Se eu fosse jovem eu iria, faria, teria e seria. E não me venha com esse papinho de que a juventude está na experiência e não na idade... Porque provavelmente eu vou concordar com você.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

(2)

Até pode ser que sim.
Mas, se for, que seja.
Que não minta em eco.
Ou se esconda em sombra.
Não cale falando.
Ou fuja com medo.
Porque de pensamento torto,
feio e manco !
Já basta meu desejo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Língua e nariz eletrônico (Caetano Veloso - Tropicália)

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões, meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país
Viva a bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça

O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga, estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente, feia e morta estende a mão
Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina e faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis
Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores ele pões os olhos grandes sobre mim
Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém, o monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Viva a banda, da, da
Carmem Miranda, da, da, da, da

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Eu tenho rosto e gosto meu.

Enquanto o dia ferve em movimentos eu sinto minhas costas doerem. E penso no murro !
Meu carro para em um sinaleiro e eu finjo ser um dos cegos do Saramago. Vejo um mundo em branco leitoso, com leves sombras de cinza. Ouço o carro de trás buzinar para que eu me mova e consigo rir de mim mesmo. De como me sinto ridiculo fazendo algumas coisas. E de pensar que essa é só uma delas...
Abro os olhos pra um mundo de cegos. E eu sou só mais um deles. Só mais um. É de cair o rosto no chão, como a máscara de David Ames em Vanilla Sky. Vanilla é com dois "L" ? O plural de "L" é "L" ou "Ls" ? Ou "L's" ? Existe essa apóstrofe na nova gramatica ? Existe uma nova gramatica ? Existe uma antiga ?
Sem relatividades.
Volto a David Ames e seu mundo utópico de sonhos. E minhas costas doem novamente. No meu mundo utópico minhas costas jamais doeriam. Sabe uma coisa chata sobre mundos utópicos ? É que ninguém pensa na utopia alheia. Lógico, desconsiderando o generalismo máximo de : "Sem fome, sem tristezas, sem guerras...". Puta que o pariu, dá pra entender que todo mundo desse planeta já teria morrido se não fossem as guerras ? Claro, isso não faz delas algo mais facil ou mais aceitável. Mas por favor, para de dizer isso como se fosse algo bom ! Como se o planeta fosse agradecer a existencia de todos os seres humanos não mortos pela violencia.
Duvido que iria. Na verdade o planeta deve viver pensando em acabar conosco. E as vezes eu até concordo com ele/a, it.
Sem muito mais agora, eu me volto pro que ainda existe de brando em mim. Ou seja, quase tudo. Faz frio, o que é bom. Está anoitecendo o que é melhor ainda. E aparentemente não há nenhuma meteoro vindo em direção ao meu computador, o que é aliviante.
Chico Science me lembrou:

Posso sair daqui para me organizar
Posso sair daqui para desorganizar
Posso sair daqui para me organizar
Posso sair daqui para desorganizar

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana

O sol queimou, queimou a lama do rio
Eu ví um chié andando devagar
E um aratu pra lá e pra cá
E um carangueijo andando pro sul
Saiu do mangue, virou gabiru

Ô Josué, eu nunca ví tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça

Peguei um baláio, fui na feira roubar tomate e cebola
Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura
“Aí minha véia, deixa a cenoura aqui
Com a barriga vazia não consigo dormir”
E com o bucho mais cheio começei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar
Que eu me organizando posso desorganizar

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana

O sol queimou, queimou a lama do rio
Eu ví um chié andando devagar
E um aratu pra lá e pra cá
E um carangueijo andando pro sul
Saiu do mangue, virou gabiru

Ô Josué, eu nunca ví tamanha desgraça
Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça

Peguei um baláio, fui na feira roubar tomate e cebola
Ia passando uma véia, pegou a minha cenoura
“Aí minha véia, deixa a cenoura aqui
Com a barriga vazia não consigo dormir”
E com o bucho mais cheio começei a pensar
Que eu me organizando posso desorganizar
Que eu desorganizando posso me organizar
Que eu me organizando posso desorganizar

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana

Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana
Da lama ao caos, do caos à lama
Um homem roubado nunca se engana